Após ter enfrentado os Guerreiros da Sombra e colocado a Pedra do Destino na Távola, Eldan sentia uma nova energia correndo por suas veias. Mas ele sabia que o verdadeiro teste ainda estava por vir. O Templo da Távola não era apenas um lugar físico; ele era uma manifestação dos medos mais profundos dos que ali entravam. E Eldan, apesar de seu recente sucesso, ainda tinha muitas sombras interiores a enfrentar.
Enquanto ele se afastava da Távola, as portas do templo se fecharam atrás dele com um som de rocha se movendo. A sala que antes era cheia de névoa e sombras agora estava iluminada por uma luz suave e dourada. No entanto, Eldan sabia que a tranquilidade era temporária. Cada passo que ele dava fazia o chão vibrar levemente, como se o templo estivesse vivo, sentindo sua presença e o que estava por vir.
No centro da sala, uma nova porta surgiu, esculpida com símbolos que Eldan não reconhecia, mas que pareciam falar diretamente ao seu coração. Ele sabia que precisava passar por ela, mas sentia uma hesitação crescente. Algo dentro dele dizia que o próximo desafio não seria físico, mas mental, e isso o aterrorizava.
Quando ele finalmente empurrou a porta, encontrou-se em uma sala escura, com uma única tocha na parede, projetando sombras longas e distorcidas. No centro da sala, uma figura encapuzada estava sentada em um trono de pedra, com uma espada negra descansando em seu colo. A figura levantou a cabeça, revelando olhos que pareciam espelhos, refletindo a própria imagem de Eldan.
“Quem é você?” perguntou Eldan, tentando manter a voz firme.
A figura se levantou lentamente, e à medida que avançava, a luz da tocha revelou seu rosto. Para o horror de Eldan, ele estava olhando para si mesmo. A figura encapuzada era uma cópia exata dele, exceto por um detalhe: seus olhos estavam cheios de escuridão, como se não houvesse alma por trás deles.
“Eu sou você,” disse a figura, em um tom que era ao mesmo tempo familiar e estranho. “Eu sou o medo, a dúvida, a incerteza. Eu sou tudo o que você sempre tentou esconder.”
Eldan deu um passo para trás, sentindo seu coração acelerar. Ele sempre soubera que carregava essas emoções dentro de si, mas nunca as havia encarado de frente. Agora, elas estavam ali, materializadas na forma de sua sombra interior.
“Você não pode me derrotar,” continuou a sombra. “Eu sou parte de você. Não importa o quanto lute, eu sempre estarei aqui, esperando para tomar o controle.”
As palavras da sombra eram como punhais, cravando-se no coração de Eldan. Ele se sentia pequeno, vulnerável, como se todo o progresso que fizera até agora não tivesse significado nada. Mas então, ele se lembrou da Pedra do Destino, da coragem que sentiu ao enfrentar os Guerreiros da Sombra. A sombra interior era forte, mas Eldan sabia que ele também tinha força dentro de si.
“Você pode ser parte de mim,” disse Eldan, com mais firmeza em sua voz, “mas você não me define. Eu não sou apenas medo e dúvida. Eu sou coragem, eu sou esperança, eu sou o desejo de lutar.”
A sombra sorriu, mas seu sorriso era cheio de amargura. “Palavras são fáceis, mas o que fará agora que estamos frente a frente?”
Eldan sabia que não havia como escapar dessa batalha. Ele teria que lutar contra si mesmo, não com força bruta, mas com a força do coração e da mente. Com um grito de determinação, Eldan avançou em direção à sombra, que também se preparou para atacar.
O combate que se seguiu foi intenso e exaustivo. Cada golpe que Eldan desferia parecia ser absorvido pela escuridão da sombra, e cada ataque da sombra era como um golpe direto em sua alma. Mas, a cada troca, Eldan sentia que estava aprendendo mais sobre si mesmo. Ele começou a perceber que a sombra não era apenas sua inimiga, mas também uma parte dele que precisava ser aceita, compreendida e, eventualmente, superada.
À medida que a batalha se intensificava, Eldan começou a mudar sua abordagem. Em vez de atacar com raiva, ele começou a lutar com calma, tentando compreender a sombra, tentando aceitá-la. Aos poucos, ele percebeu que a sombra enfraquecia à medida que ele a aceitava. Quando finalmente Eldan baixou sua espada, a sombra fez o mesmo. Eles ficaram de frente um para o outro, respirando pesadamente.
“Você venceu,” disse a sombra, mas desta vez sua voz estava mais suave, quase como se estivesse em paz. “Lembre-se, Eldan, eu sempre estarei aqui, mas você tem o poder de decidir quando eu assumo o controle.”
Com essas palavras, a sombra se desfez em uma névoa negra, que foi rapidamente absorvida pela luz da sala. Eldan caiu de joelhos, exausto, mas sentindo-se mais inteiro do que nunca. Ele sabia que essa não seria a última vez que enfrentaria suas sombras, mas agora, ele tinha a confiança de que poderia vencer.
A próxima porta se abriu silenciosamente, revelando um novo caminho. Eldan se levantou, determinado a seguir em frente. Seu coração ainda batia forte, mas agora, era o coração de um guerreiro que começava a entender seu verdadeiro poder.
