Autor: Irmãos Grimm (Adaptado)
Em uma terra distante, vivia um rico comerciante viúvo e sua doce filha. Por causa de seus negócios, o pai viajava muito e quase não ficava em casa, deixando a filha aos cuidados dos empregados. A jovem sentia muito a falta do pai, mas compreendia seu trabalho.
Tudo mudou quando seu pai decidiu se casar novamente. A nova esposa era uma mulher de aparência elegante, mas de coração frio, e trouxe com ela suas duas filhas, que eram tão invejosas e maldosas quanto a mãe. Vendo que a casa era grande e a enteada, gentil, elas logo começaram a maltratá-la.
Tiraram seus vestidos bonitos, deram-lhe roupas velhas e a puseram para fazer todos os serviços pesados. A jovem varria, cozinhava e limpava tudo, da manhã à noite. Como acabava sempre suja de fuligem e poeira, suas meias-irmãs, rindo, a apelidaram de “Cinderela”. Cansada, a menina dormia num cantinho da cozinha, perto do calor do fogão.
Certo dia, uma grande notícia agitou o reino: o rei daria um grande baile de três dias para que o príncipe pudesse escolher sua futura esposa. Todas as jovens do reino foram convidadas. As irmãs de Cinderela ficaram eufóricas e, como sempre, fizeram-na de criada, exigindo que ela passasse seus vestidos e arrumasse seus cabelos.
Com o coração cheio de esperança, Cinderela perguntou à madrasta se também poderia ir ao baile.
“Você? Ir ao baile?”, zombou a madrasta. “Sempre suja e com essas roupas rasgadas? Você só nos faria passar vergonha!”. E, rindo, partiu com suas filhas para a festa, deixando Cinderela sozinha e chorando na cozinha.
De repente, uma luz suave encheu o ambiente e, diante de Cinderela, apareceu uma senhora bondosa com uma varinha brilhante na mão. “Não chore, minha querida”, disse ela. “Eu sou sua Fada Madrinha e vim para ajudar. Você irá a este baile!”
Com um toque de sua varinha mágica, a Fada Madrinha transformou uma abóbora numa linda carruagem dourada, ratinhos em cavalos brancos e um vestido velho e sujo de Cinderela no mais belo e cintilante vestido de baile que se possa imaginar. Para completar, em seus pés surgiram um par de sapatinhos de cristal.
“Agora vá e divirta-se!”, disse a Fada. “Mas lembre-se: a magia terminará à meia-noite. Você deve voltar para casa antes disso!”.
Quando Cinderela entrou no salão do castelo, todos ficaram maravilhados com sua beleza e elegância. Ninguém, nem mesmo suas irmãs, a reconheceu. O príncipe, assim que a viu, apaixonou-se e dançou com ela a noite inteira.
Cinderela estava tão feliz que quase se esqueceu do tempo. Quando o relógio começou a bater as doze badaladas, ela se lembrou do aviso de sua Fada Madrinha e saiu correndo do palácio. Na pressa, um de seus sapatinhos de cristal ficou para trás na escadaria.
O príncipe, desconsolado por não saber quem era sua amada, pegou o sapatinho e, no dia seguinte, declarou que se casaria com a única jovem do reino em cujo pé o delicado sapato servisse.
Ele foi de casa em casa, com seus guardas, mas o sapatinho não cabia em pé algum. Quando chegaram à casa de Cinderela, as duas irmãs malvadas tentaram de tudo para calçá-lo, mas sem sucesso. O príncipe então perguntou se não havia outra moça na casa.
“Apenas a Gata Borralheira”, respondeu a madrasta, “mas ela é muito suja para se apresentar”.
O príncipe insistiu, e Cinderela foi chamada. Com um pouco de vergonha, ela se sentou e experimentou o sapatinho, que coube perfeitamente em seu pé. Naquele instante, o príncipe reconheceu em seus olhos a linda donzela do baile.
A madrasta e suas filhas ficaram chocadas. O príncipe, radiante de felicidade, levou Cinderela para o castelo e, poucos dias depois, eles se casaram numa festa maravilhosa. Quanto às suas irmãs e à madrasta, elas foram punidas por toda a maldade que fizeram e tiveram que aprender a tratar os outros com bondade e respeito.